Em primeiro lugar, gostaria de dizer que esse não é um texto fácil para eu escrever. Esse não é um assunto simples para mim. E, por isso, peço a sua empatia. <3
Eu tenho uma relação muito tóxica com o álcool — desde sempre!
Meus primeiros porres, lá no início da adolescência, já davam indícios de que ele seria um mecanismo de defesa para mim, uma forma de me inserir em grupos de pessoas sem me sentir tão deslocada.
E isso perdura até hoje.
Foram incontáveis as situações sociais em que eu só imaginava que daria conta de suportá-las se vestisse essa máscara — essa minha versão “divertida”. E, sinceramente? É tão mais fácil!
Mas é engraçado como a maturidade muda completamente a nossa percepção sobre algumas coisas.
Eu não gosto de mim quando bebo. Por que será que insisto em continuar fazendo isso?
Queria muito ser uma pessoa equilibrada, que bebe duas cervejinhas e para. Eu não. Eu preciso beber até o último gole, ser a inimiga do fim. E isso é muito legal quando se tem 20 anos. Mas eu já tô mais perto dos 40 agora, e posso te garantir: a ressaca é bem pior — em todos os sentidos.
Mas, mais do que isso, hoje eu me sinto mais consciente de mim, do que eu quero — e do que eu não quero também.
Me sinto em uma relação de amor e ódio.
Não me entenda mal: eu não bebo sempre. Mas acho que isso só acontece porque eu não saio muito. Em eventos sociais, essa sempre foi minha válvula de escape.
Eu quero mudar isso.
Quem eu sou sem beber? Quem sou eu, de cara lavada e inteira, para as pessoas? Eu não sei. E acho que tô querendo descobrir.
Não vai ser nada tranquilo, mas eu tenho feito esse movimento de encarar coisas que estão muito camufladas na minha vida…tem tanto ainda pra mexer.
Sinto que esse é um assunto que ainda está apenas na superfície para mim — até como se fosse uma brincadeira. Mas não é.
E vou trazer mais desse tema pra você — espero que não se incomode. Aqui vai um conteúdo muito legal sobre esse assunto, inclusive:
No mais, acho que preciso me amar mais. É daí que começam as pequenas grandes mudanças, não é mesmo?!
Até semana que vem,
Angie.
Eu não sabia dessa sua relação com o álcool. Ler seu texto me tocou de verdade. Cada dia fico mais feliz por te conhecer melhor, como pessoa, como mulher, como irmã.
Te amo muito e tenho um orgulho imenso de você.
Minha relação com o álcool começou a pegar mesmo nos meus 20 e poucos anos. Eu não bebia todos os dias, mas quando bebia… era até o fim. Sempre. Era o típico “inimigo do fim”.
O curioso é que eu demorava a ficar bêbado e, no dia seguinte, nada de ressaca. Isso continua sendo verdade até hoje.
Mas naquela época eu bebia bem mais.
Comprei uma cervejeira. Aí o negócio ficou sério. Toda semana ela estava cheia… e esvaziava rapidinho. Afinal, ter uma cerveja trincando o dia inteiro à disposição? Difícil resistir.
Tudo começou a mudar quando meu filho nasceu. Achei que seria muito difícil abrir mão desse hábito e, pra minha surpresa, não foi.
Hoje, em casa, só bebo cerveja zero álcool. E quando saio, se for pra beber com álcool, três long necks e tá ótimo.
Fico muito feliz com essa virada. Espero de verdade que mais pessoas consigam passar por isso de forma leve também. Vale muito a pena.