Eu tenho um certo mecanismo para fases ruins. Como a maioria das pessoas depressivas, tenho tendência a me isolar quando caio na bad.
Passei por um período de isolamento bem intenso nos últimos meses, acho que o maior de toda a minha vida até então. Foi horrível, me senti sufocada na maior parte do tempo, mas sem forças para reagir.
Quando melhorei, depois da adequação dos novos remédios, da volta para a terapia e alguns vídeos motivacionais do TikTok, voltei a me abrir para o mundo. Eis que comprovei a teoria: a cura só vem quando a gente fala, quando a gente vive.
Comecei a quebrar as barreiras que eu mesma criava, começando a dizer sim mesmo quando queria dizer não. É completamente desconfortável, viu? Não vou mentir pra você e dizer que é um processo fácil. Não é. Mas, tá valendo a pena.
Ah, e meus 'sins' têm sido não só presenciais, mas também online. Sabe, eu sou aquela pessoa que não consegue responder no mesmo dia, que some por meses e fica com peso na consciência por não conseguir dar atenção como gostaria. A depressão paralisa a gente em diversos lugares, nos rouba nas pequenas atitudes.
Eu mudei de estratégia. Agora, se a depressão grita, eu tento gritar mais alto. E é verdade, viu?! A gente só se cura vivendo, tirando o cinza dos olhos, percebendo em cada detalhe a mudança acontecendo.
Acho que, com o tempo, vamos nos acostumando a sentir mais satisfação e felicidade nos dias. Li em algum lugar essa frase: 'há força na repetição'. Será que é isso? Será que eu tô indo para o lugar certo dessa vez? Quero muito acreditar que sim.
Por isso, continuo escrevendo, falando, repetindo. Porque falar está me curando de tanta coisa enterrada por aqui. Não quero morrer no silêncio, afogada em mim mesma.
Dessa vez, não. Minha voz tá no mundo, meus sentimentos estão sendo compartilhados e eu me sinto mais forte.
Não importa o jeito, destralhe o seu coração.
Até semana que vem,
Angie